As melhores relações qualidade/preço

No vinho, como em todas as realidades da vida, os melhores, os mais desejados e valorizados, são quase invariavelmente escassos e inacessíveis, difíceis de encontrar, por vezes insuportáveis no esforço financeiro a que obrigam. Por regra são vinhos de produções limitadas, de custos de prMelhor relação qualidade preçoodução relevantes, vinhos de mimos extremados e cuidados redobrados. Vinhos para ocasiões especiais, para celebrar os grandes acontecimentos da vida, vinhos de êxtase. Não são vinhos do quotidiano, e não estão acessíveis à maioria.

Esta escolha, a dos vinhos que encerram a melhor relação qualidade/preço, será, porventura, o inventário mais importante para os leitores. É aqui que podem encontrar os vinhos mais interessantes do mercado, aqueles que, de acordo com o meu critério, melhor satisfação e alegria são capazes de proporcionar. São sempre vinhos generosos na qualidade, em muitos casos disponíveis nas grandes superfícies, vendidos a preços aliciantes face ao prazer proporcionado. São o Santo Graal de todos os enófilos, a discussão mais relevante para todos os apaixonados.

Os vinhos são apresentados pela ordem alfabética das regiões e, dentro de cada região, pela ordem alfabética dos nomes comerciais.

 

VINHOS NACIONAIS:

·        Solar dos Lobos Colheita Seleccionada 2006 (Alentejo) – O desafio de oferecer complexidade, serenidade e frescura abaixo dos 5€. A elegância floral, a nobreza da fruta, a aristocracia a preços justos.

·        Quinta de Saes Reserva Estágio Prolongado 2006 (Dão) – Elegância, dimensão, carácter e profundidade, num vinho poderoso mas ajuizado. O triunfo da razão, a vitória da harmonia.

·        Vallado 2007 (Douro) – A generosidade do Douro, a fruta farta, a alegria e o prazer das emoções fortes. O mestre absoluto da consistência, da proporção certa entre entusiasmo e contenção.

·        Crasto 2007 (Douro) – Fruta, elegância e prestígio reunidas sobre um só tecto. A confirmação que os grandes volumes são compatíveis com a mais alta qualidade. Um vinho esplendoroso, uma pedrada no charco. Afinal, o Douro pode conciliar volume e qualidade!

·        Castello d’Alba Reserva branco 2007 (Douro) – Um branco que merece destaque por si próprio, inacreditável e imbatível na relação qualidade/preço. O branco mais democrático de Portugal, a qualidade ao alcance de todos.

·        Arenae Colares Malvasia 2006 (Estremadura) – O artesanato não tem de ser caro nem privilégio de uma minoria. Os vinhos singulares também podem ser extraordinários e acessíveis.

·        Grand’Arte Alicante Bouschet 2006 (Estremadura) – O prazer da gratificação imediata, a certeza da conquista, a empatia imediata. O tinto consensual, de aprovação certeira.

·        Catarina 2007 (Setúbal) – Frescura, complexidade, riqueza aromática, profundidade e frescura, eis os ingredientes do Catarina. Imbatível no prazer proporcionado.

·        Muralhas de Monção 2007 (Vinho Verde) – O milagre da qualidade com a garantia de quantidade, vendido a um preço invencível. O refúgio seguro, a certeza da consistência, o prazer da frescura. Impressionante!

·        Niepoort LBV 2004 (Porto) – Afinal o Vinho do Porto de excelsa qualidade também pode ser acessível ao comum dos mortais. A porta de acesso judiciosa ao mundo maravilhoso do Vinho do Porto!

20 Comments
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    jms

    January 23, 2009 at 16:30

    Rui Falcão!

    Ano novo, vida nova?!
    Pelo que me diz respeito, esta é uma excelente novidade, a de o poder ler (também) aqui, em sua casa.
    Uma vez por outra lá farei o meu comentário.

    Um abraço.
    jorge saraiva

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    Rui Falcão

    January 23, 2009 at 16:48

    Jorge,

    Que saudades! É um verdadeiro prazer tê-lo aqui em minha casa!

    É verdade, ano novo, vida nova… embora, como se pode ver, este seja um projecto simples e despretensioso, sem charangas nem fanfarras. Será apenas mais um espaço de opinião a acrescentar aos muitos que já existem. Espero, no entanto, poder oferecer algum valor acrescentado ao mundo virtual do vinho… caso contrário não valeria a pena o esforço.

    Abraço valente,

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    Pingus Vinicus

    January 23, 2009 at 18:17

    Rui, para já, é só para te dar um abraço.
    Seguirei com atenção as tuas palavras.

    Um abração
    Rui Miguel

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    Rui Falcão

    January 23, 2009 at 18:34

    Rui Miguel,

    Obrigado pelas palavras tão amáveis.

    Abraço,

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    João de Carvalho

    January 23, 2009 at 20:10

    Já lá vai o tempo em que o Catarina branco era considerado sistematicamente um dos vinhos do ano no então único guia existente no mercado.

    Colheitas como a de 93, 95 ou 97 fizeram parte dos primeiros Catarina que tive oportunidade de provar. A guarda prolongada não a vejo com bons olhos a ver pelas provas recentes que em nada foram animadoras.

    Notei que o vinho durante algum tempo andou meio disfarçado no meio das prateleiras, mas parece que se quer afirmar de novo, não nos lugares cimeiros mas nos lugares de grande relação preço/qualidade.
    A sua eleição para esta lista, é disso sinal.

    Outro vinho que acho curioso e merecido destaque (todos os presente o merecem) é o Arenae, um vinho que lhe chamaria de singular. Os seus 11,5% são sem dúvida algo que foge do grande pelotão de brancos actuais.

    Na sua opinião é vinho que pode beneficiar de estágio em garrafa ? Se sim, por quanto tempo ?

    Cumprimentos.

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    Rui Falcão

    January 23, 2009 at 20:40

    João,

    Pois, aparentemente partilhamos da mesma opinião, sobre a belíssima e justa relação qualidade/preço que o Catarina 2007 apresenta. Fico feliz que assim seja! Concordo que o Catarina não é um vinho desenhado, e consequentemente apropriado, para uma longa guarda. É um vinho de consumo rápido, fresco, rico e muito aprazível. E é assim que deve ser entendido.

    De novo, concordo com o destaque do Arenae Malvasia Colares 2006. Não pela graduação alcoólica baixa, que é algo absolutamente inevitável em Colares, no chão de areia, mas pela sua complexidade e originalidade. Tal como o descrevi no meu guia deste ano, é um branco extraordinário, singular, mineral, exótico, profundamente autêntico, único no universo. Não é um branco fácil e isso percebe-se na ausência de fruta, na amêndoa, no leve toque de ranço… mas cuidado, um ranço salutar, tal como ele é entendido em Jerez! Todavia, o que mais fascina neste branco tão especial é a salinidade intensa, o iodo e o final ligeiramente amargo. Aqui estamos nas antípodas dos brancos tecnológicos e dos vinhos formatados. É um branco excepcional, sim, mas atenção, não é um branco fácil…

    Não precisa de ter sentir pressa em beber este 2006… mas também não vai ganhar muito com o estágio em garrafa. A fermentação e o posterior estágio em ambiente tão oxidativo, numa adega tão rudimentar, envelhecido em tonéis enormes de madeira velha, bem como a elevada acidez, tornam-no quase imune ao passar do tempo. Mas também não vai ganhar muito com o estágio. O vinho vai ficar como que parado no tempo.

    Abraço,

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    JSP

    January 24, 2009 at 03:25

    Parabéns pelo blogue. Para mim, foi uma grata surpresa.

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    Rui Falcão

    January 24, 2009 at 09:36

    Jorge Prata,

    Muito obrigado pelas palavras tão amáveis.

    Abraço,

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    Pedro Rafael Barata

    January 24, 2009 at 22:13

    Caro Rui,

    é com um gosto imenso e uma enorme expectativa que acedo ao seu blog pela 1ª vez e leio os seus interessantes textos.

    Já o coloquei como um dos meus favoritos!

    Boa Sorte e um Abraço!

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    Rui Falcão

    January 24, 2009 at 22:52

    Pedro Barata,

    Muito obrigado pelas palavras tão amáveis.
    Espero ter o prazer da sua visita e dos seus comentários.

    Abraço,

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    Artur Hermenegildo

    January 26, 2009 at 16:11

    Viva.

    Afinal sempre te decidiste a lançar o blog. Ainda bem!

    Quanto a este tópico, o Catarina e o Muralhas são velhos preferidos meus neste capítulo do “bom e barato” desde há vários anos – e nunca me deixaram ficar mal, ano após ano. Tal como, nos verdes, o “Deu-La-Deu” da Adega Coop. de Monção.

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    Rui Falcão

    January 26, 2009 at 21:54

    Viva Artur!

    Sim, é verdade, nasceu tarde e a más horas. Mas, enfim, apesar de tardio já cá está!

    Coincidimos nas escolhas e na lealdade de critérios. Qualquer um dos três vinhos que mencionas, Catarina. Muralhas e Deu-la-deu, são apostas seguras na sempre difícil relação qualidade/preço.

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    Pedro Sousa PT

    January 27, 2009 at 21:57

    O fim de semana passado bebi o Alicante bouschet, e o Tinta Roriz, só que de 2005. E achei que o Alicante bem, superior ao Tinta Roriz. Pena é falta-lhe um pouco mais de corpo, para brilhar na plenitude. Mesmo assim achei-o bem interessante.
    Vamos então ao 2006. Vamos a ele.
    Parabéns pelo blog, aqui tens mais um leitor.

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    Rui Falcão

    January 27, 2009 at 22:10

    Pedro,

    Obrigado pelas palavras simpáticas. Estamos de acordo, o DFJ Alicante Bouschet é uma bela aposta de José Neiva, num perfil guloso e de empatia fácil. Acima de tudo, representa uma relação qualidade/preço deveras interessante.

    Abraço,

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    Adelino Chapa

    January 29, 2009 at 11:32

    …e eu que pensava que iria encontrar alguns tintos de Palmela /terras do sado, nesta lista de sugestões. A nossa região tem sempre o lugar do coração, pensava que no capítulo da relação preço/qualidade também ja tinhamos algum espaço.

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    Rui Falcão

    January 29, 2009 at 20:15

    Adelino,

    Não terá com certeza reparado, mas na lista dos dez melhores está presente o Catarina 2007, representante da península de Setúbal.
    Não seria difícil encontrar vinhos das Terras do Sado, ou de qualquer outra região nacional, que coubessem nesta categoria. Infelizmente, auto obriguei-me a escolher apenas dez vinhos. Como todas as selecções e escolhas, esta também é discutível e redutora… mas é a minha e está assinada.

    Abraço,

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    Filipe Pereira

    February 7, 2009 at 00:17

    Caro Rui Falcão

    Antes de mais parabéns pelo blog.

    É com grande agrado que vejo o reconhecimento do Castello d’Alba Reserva branco 2007. É curioso que ninguém fala dele.

    Descobri o 2006 nas prateleiras do Continente e comprei por curiosidade. Desde aí fiquei fã deste vinho. Para quem aprecia vinhos brancos com madeira, este é um excelente vinho, capaz de acompanhar um bom bacalhau ou uma sobremesa de chocolate. Simplesmente fantástico, até no preço.

    Cumprimentos

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    Rui Falcão

    February 7, 2009 at 14:46

    Filipe,

    Muito obrigado pelas palavras tão amáveis.

    Abraço,

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    […] são quase invariavelmente escassos e inacessíveis, difíceis de. Veja o post completo clicando aqui. Post indexado de: […]

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    Pedro Brito Leitão

    March 18, 2009 at 18:15

    Rui,

    Acabei de descobrir o teu site.
    Parabéns pelos excelentes artigos. É um prazer lê-los e descobrir o que te vai na alma.
    Continua!

    Abraço,
    Pedro Brito Leitão

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