Investir em vinho?

Poderá o investimento em vinho ser lucrativo? Para além do prazer hedonista, poderá uma garrafeira pessoal ser desenhada em função de uma perspectiva económica, para a obtenção de mais-valias financeiras? O investimento económico no vinho poderá ter um retorno financeiro? A resposta a estas questões é, infelizmente, pouco animadora. São raros os casos em que o investimento em vinho é recompensador.

As razões para o insucesso são várias. Em primeiro lugar porque o vinho é um produto perecível, com um período de vida útil relativamente curto. São raros os vinhos a possuir uma aptidão natural para um envelhecimento virtuoso, e essa condição restringe logo à partida o leque de potenciais candidatos. Em segundo lugar, porque por ser um produto alimentar, o vinho necessita de condições de guarda particulares, condições rigorosas e determinantes para uma boa evolução em garrafa. Quantos armazéns ou casas particulares possuem estas imposições? Por regra, as condições de guarda são más, pouco fiáveis, sem registos históricos que garantam a genuinidade do produto.

Por outro lado, o mercado raramente revela apetência por vinhos velhos. A maioria dos consumidores prefere procurar o rótulo do momento, o nome do vinho da moda desta estação em detrimento de glórias esquecidas, de vinhos maduros e mais discretos. O facto de os leilões de vinhos velhos serem casuísticos, sem periodicidade definida e estabilizada fora dos mercados inglês e norte-americano, implica que raramente existam “cotações oficiais” que permitam aferir do valor efectivo de garrafeiras particulares. Sem cotações oficiais, ou mesmo oficiosas, o mercado fica perdido, sem valores de referência, abandonado ao livre arbítrio dos poucos agentes envolvidos, meramente interessados nos nomes de referência, sem espaço para as regiões ou produtores sem nome firmado. Sem locais de eleição para escoar vinhos velhos, leilões e garrafeiras especializadas, as garrafas particulares são vendidas a preços ridículos, arruinando qualquer ideia de retorno do investimento financeiro.

Como o vinho português raramente goza de prestígio fora de fronteiras, com excepção do Vinho do Porto e, embora em menor grau, do Vinho da Madeira, o interesse de potenciais compradores é reduzido, quase restrito ao território nacional, sem licitações de mercados com maior disponibilidade financeira. Os Porto Vintage constituem uma das raras excepções a esta regra, já que gozam de um prestígio e procura universal, sendo licitados nos principais mercados internacionais, exibindo cotações oficiais para cada marca e colheita. Seguramente não serão um investimento tão proveitoso como outras opções bolsistas, mas poderão constituir um refúgio seguro para quem não necessitar de um retorno rápido. Com a vantagem adicional de em caso de desastre e desvalorização bolsista, poder ser aproveitado para prazeres mais terrenos. Quantos outros investimentos financeiros nos prometem tal alternativa?

5 Comments
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    Sofia Andrade

    January 16, 2012 at 19:05

    Investir em vinho, pode sim ser lucrativo e obter retorno financeiro positivo não é uma miragem mas uma realidade. Quando se investe no mercado de vinhos de alta qualidade tem de se saber um pouco sobre vinhos ou obter conselhos profissionais sobre quem sabe do assunto. Quem é conhecedor do mercado sabe bem que os melhores vinhos do mundo são os vinhos da zona de Bordéus e sim são um óptimo activo financeiro. O vinho é sem duvida um bem perecível mas não quer dizer que tenha uma vida curta, alguns vinhos chegam a manter-se em perfeitas condições por mais de 50 anos e é normal não fazemos investimentos financeiros por um prazo tão longo, se optarmos por 5 anos é tempo mais que suficiente para retirarmos retornos na ordem de 15% ou ainda percentagens superiores, falo por experiência própria pois já invisto neste mercado a aproximadamente 7 anos. Em termos de armazenamento existem alguns armazéns com óptima reputação e que são rigorosos nas condições ambientais nos quais o vinho permanece e por pouco mais de 20£/ano mantém o vinho guardado e segurado. O que mantém este mercado estável é a procura crescente (devido a qualidade e raridade crescentes), juntamente com uma oferta decrescente (devido ao consumo), criam a base para um mercado bem sucedido e estável.
    O vinho português infelizmente não é um bom investimento, uma vez que não tem a notoriedade nem a procura internacional que os vinhos de Bordéus apresentam. Como sabemos retornos elevados, seguros e rápidos não existem muito menos na opção bolsista por isso para quem tem uma disponibilidade financeira para experimentar este mercado faça e veja por si próprio que resulta.

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    Rui Falcão

    January 18, 2012 at 11:08

    Cara Sofia, pelo seu texto é fácil perceber que partilhamos os mesmos pontos de vista. Se reparar com atenção, o artigo debruça-se precisamente sobre os vinhos portugueses e sobre a dificuldade que estes sentem em valorizar-se, com as excepções já conhecidas e mencionadas no texto, sobre o Vinho do Porto e, embora em menor grau, do Vinho da Madeira.
    É claro que o potencial de valorização de Bordéus e Borgonha, acompanhados por alguns blue chips do mundo, é mais que conhecido e tema de múltiplas análises internacionais. No fundo, basta olhar para as cotações das principais leiloeiras e perceber quais são os vinhos que dispõem de uma cotação oficial e contínua, ou seja, os vinhos que são transaccionados e cobiçados em leilão. E nesse capítulo, dos vinhos portugueses só constam o Vinho do Porto e. embora não em todas as leiloeiras, o Vinho da Madeira.
     

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    Sofia Andrade

    January 19, 2012 at 13:22

    Caro Rui, agradeço-lhe o seu esclarecimento, sem duvida que a língua Portuguesa pode ser entendido de muitas formas e por vezes considerado um pouco traiçoeira, contudo o texto que colocou no seu blog é muito generalista e apenas no final refere que esta a falar em vinhos Portugueses. A maioria dos Portugueses desconhece este mercado de investimentos e a qualidade do vinho de Bordéus e Borgonha e de como se pode tornar um investimento rentável.

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    rui ferreira

    January 25, 2013 at 23:24

    Boa noite gostaria de dizer que sou daqueles que por minha opçao de rentabilizar o pouco dinheiro que tinha na altura,fui adquirir vinho do Porto vintages,Lbv e colheitas,agora passados 20 anos e já parei de comprar,pretendo vender,tenho cerca de 2700 garrafas nao sou comerciante apenas comprei por paixao e por ser muito rentavel,quanto a rentabilidade só a tenho se alguem quizer comprar,pretendo vender neste momento pelas garrafas peço 90 mil euros os anos vao de 1900 a 1997 o mais recente sendo que possu-o grande quantidade de 1994 e 1997 por terem sido os dois melhores anos do seculo passado,posso facultar lista de existencias caso aja alguem interessado,as garrafas estao todas em perfeitas condiçoes de rotulagem e sanidade vinica,estao em cave climatizada e no escuro dentro das caixas tal e qual como vieram da origem,deixo o meu email e numero movel, ruimsf1@sapo.pt ..00351918991538

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    Carlos Araújo

    June 11, 2014 at 20:21

    tenho uma garrafa vintag wiese & krohn´s, vinho do torto da colheita de 1931 e estou com dificuldades em vender.

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